terça-feira, 22 de julho de 2008

A nudez fotografada

Que a arte em geral possui diversas vertentes um tanto quanto excêntricas e, até mesmo, incompreensíveis, é fato. Mas, o que dizer de milhares de pessoas nuas e aglomeradas em locais públicos? Essa é a proposta do fotógrafo estadunidense Spencer Tunick.

Tunick, 40 anos, nasceu em Nova York e estudou Belas Artes no Emerson College, em Boston. Fez um curso intensivo de fotografia durante 1 ano no International Center of Photography em Nova York e atualmente vive e trabalha no Brooklin, um bairro na mesma cidade.

Desde 1992, Tunick trabalha com fotografia e vídeo sobre a figura humana nua em espaços públicos. Seus trabalhos mais importantes e que o fizerem reconhecido mundialmente, são os projetos Naked States, que percorreu 50 estados americanos durante 06 meses fotografando a população e Nude Adrift onde visitou 9 países em 7 continentes, levando milhares de pessoas a se despirem em público, em Barcelona conseguiu o maior número de pessoas de toda sua turnê – 7 mil pessoas se despiram para o artista.

Antes desses ambiciosos projetos, Tunick fotografava nas ruas de Nova York, o primeiro projeto chamado America Zone contava com uma ou duas pessoas nuas e em seguida Reaction Zone, já com um número maior de participantes — chegou a fotografar 100 pessoas — e que lhe rendeu 05 prisões por atentado ao pudor. Após estes episódios, Tunick entrou com um processo na Corte Suprema dos Estados Unidos contra a prefeitura de Nova York para garantir sua liberdade de expressão artística, sua integridade física e dos participantes.

O trabalho de Tunick faz parte do acervo de diversas galerias e museus em várias partes do mundo como a Hales Galeria, em Londres, e a Art and Public em Geneva. Já esteve presente com suas instalações em diversos eventos artisticos como a 25ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo em 2002 e a 1ª Bienal Valencia, na Espanha em 2001.

Mas, focando o objetivo da obra do artista, a questão principal na arte de Tunick é o porquê do nudismo: loucura? Pornografia? Arte? Enfim, há alguma forma de classificar a obra de Spencer Tunick?

A presença
nas artes plásticas, de corpos humanos despidos, sempre foi recorrente, sobretudo sob a representação feminina, que foi alvo de diversos pintores ao longo da história da arte. Contudo, a nudez masculina nunca foi foco de manifestações artísticas, ficando quase que exclusivamente restrita a questões de estudos científicos sobre o corpo humano.

A partir da representação física unificada de homens e mulhers, Spencer Tunick produz algo excentricamente inovador e ultrajante para a sociedade. Como encarar diversos corpos humanos, nus, de diversas cores, tamanhos, em diferentes posições, espalhados em locais públicos?


O artista propõe duas reflexões principais com sua obra: a presença da arte em espaços públicos, temporária ou permanentemente e o modo como vemos a privacidade e a intimidade no espaço urbano.
Enfim, Tunick exprime toda a sua criatividade viajando ao redor do planeta, para escolher locais significativos e angariar voluntários que queiram ser parte da sua obra.



















Confira mais fotos e informações sobre Spencer Tunick e suas obras, clicando aqui, aqui, aqui e aqui.

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